Compartilhe este post

Share on facebook
Share on linkedin
Share on twitter
Share on email

Confederação Nacional da Indústria prevê perda de 166 mil empregos no final deste ano em relação à quantidade de pessoas ocupadas entre abril e junho em consequência dos impactos do aumento de custos.

O aumento dos preços da energia elétrica causará perdas bilionárias na atividade econômica do Brasil em 2021 e 2022. De acordo com um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os efeitos do aumento das tarifas – impulsionado em parte pela crise hídrica – vão se espalhar para o mercado de trabalho e o consumo das famílias, e serão responsáveis pela perda de milhares de empregos.

Segundo o levantamento, o alto custo da energia elétrica fará com que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro perca R$ 8,2 bilhões em 2021. A comparação é feita com base nas tarifas elétricas deste ano e de 2020 – quando não houve crise energética. Isso é o equivalente a variação negativa de 0,11%.

Já em 2022, o impacto deve ser de R$ 14,2 bilhões, o que representará uma retração de 0,19% em comparação ao PIB de 2020.

A CNI também prevê um forte baque no mercado de trabalho por conta da inflação no setor elétrico e os impactos diretos e indiretos do aumento de custos. Cerca de 166 mil empregos devem ser perdidos até o final do ano em relação à quantidade de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021. No ano que vem, a crise energética deve afetar 290 mil postos de trabalho em relação ao número de pessoas ocupadas no primeiro trimestre deste ano.

Por causa do desemprego e do aumento das tarifas, o consumo das famílias também vai minguar. A confederação da indústria calcula que R$ 7 bilhões não serão gastos pelas famílias neste ano (a preços de 2020) como consequência da pressão dos custos de energia – variação negativa de 0,15%. Para 2022, o efeito será de R$ 12,1 bilhões a preços de 2020, ou queda de 0,26%.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destacou em nota que a crise de abastecimento dos reservatórios de água brasileiros afetou a produção de energia nas hidrelétricas – fonte mais barata – e aumentou o uso de usinas mais caras, como as termelétricas. Esse crescimento também ajuda a explicar o salto da inflação brasileira, que já ultrapassa os 10% segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Entretanto, Andrade aponta que os elevados encargos, impostos e taxas setoriais da tarifa de energia já pesavam sobre a economia brasileira mesmo antes da crise. “O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira”, afirmou o presidente da Confederação Nacional da Indústria. “Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia.”

Maria Carolina Marques, economista da CNI e autora do estudo, explica que o impacto dos preços mais altos de energia é diferente para cada setor, com destaque para a indústria, cujo PIB geral deve perder R$ 2,2 bilhões a preços de 2020 devido à crise energética, ou 0,17%.

O comércio também é afetado, uma vez que os custos mais altos no Brasil podem tornar produtos estrangeiros mais atraentes, mesmo com outros países também vendo custos mais altos de energia. A economista também aponta que muitas das grandes economias globais – que estão sofrendo com a alta dos preços de commodities como petróleo e gás natural – já tinham matrizes energéticas pesadas em fontes de energia mais caras, enquanto o Brasil vive um choque devido à grande dependência das hidrelétricas.

O aumento nos preços da energia elétrica tem causado danos à economia brasileira em um efeito cascata. Indústrias, produtores de matéria-prima, transportadores, trabalhadores e o comércio em geral tem sofrido com as altas tarifas elétricas.

Para reverter essa situação, a Frenlogi tem trabalhado no Congresso Nacional e junto ao Governo Federal para encontrar maneiras de diversificar e viabilizar novas fontes de energia elétrica para o país. Um exemplo disso foi a aprovação em agosto do projeto de lei que cria o Marco Legal da Geração Distribuída, que define regras e incentivos para os cidadãos e empresas que gerem sua própria energia elétrica através de fontes alternativas (como a eólica, fotovoltaica e a que utiliza a biomassa).

Além disso, a Frente também tem participado de discussões com o Executivo Federal para encontrar maneiras de recuperar e poupar as barragens de usinas hidrelétricas, que são as maiores responsáveis pela energia consumida no Brasil. O país só superará esse momento com trabalho conjunto e um amplo debate entre sociedade, parlamento e governo.


Fonte: Portal g1 e Confederação Nacional da Indústria