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Altas do gás e da energia elétrica impactam 90% das famílias brasileiras, indica pesquisa

Parte da população deixa de consumir ou suspende pagamento de outros serviços para pagar conta de luz, aponta levantamento.

O aumento da conta de luz em 2021 provocou fortes impactos no orçamento de 90% dos brasileiros, indica uma pesquisa realizada pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC). O estudo ouviu 2002 pessoas com 16 anos ou mais em todas as regiões do Brasil entre os dias 11 e 17 de novembro, e foi encomendado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS).

De acordo com o levantamento, quatro em cada dez brasileiros diminuíram ou deixaram de comprar roupas, sapatos e eletrodomésticos para pagar a conta de luz. Além disso, 22% compraram menos alimentos básicos para garantir a energia em suas residências (esse índice chega a 28% na Região Nordeste do país). Já o índice de pessoas que deixaram de pagar contas básicas como as de água e gás encanado para pagar energia atingiu 14%.

Na avaliação do Instituto Clima e Sociedade, o gasto com gás e energia elétrica já compromete metade ou mais da renda de 46% das famílias brasileiras; além disso, 10% dos habitantes do Brasil já se encontram com quase toda a renda familiar comprometida com esses gastos.

O estudo também relata mudanças de comportamento das famílias para tentar diminuir a conta de luz. Segundo o iCS, 49% dizem ter adotado ações como tomar banho mais rápido e desligar as lâmpadas para economizar na conta de luz; 44% afirmam que deixaram de usar ou reduziram o uso de eletrodomésticos que consomem muita energia; 42% substituíram lâmpadas por versões mais econômicas; e 23% passaram a evitar o consumo de energia nos horários de pico.

Só 5% declaram usar fontes alternativas renováveis, como a solar, e 18% não mudaram hábitos após a alta nos preços.

Para 52% dos entrevistados, o que mais pesou no bolso foi o aumento do botijão de gás, enquanto 42% indicaram que o custo da energia elétrica foi o que mais impactou as economias do domicílio. A pesquisa do IPEC também aponta que um em cada dez brasileiros passou a usar lenha para cozinhar, e 6% passaram a usar carvão.

O estudo ainda aponta que, fora os gastos mais altos com energia e gás, 52% das famílias notaram interrupções no fornecimento de água nos últimos 12 meses. No Nordeste, o número sobe para 61%. Nove em cada dez dizem estar preocupados com a possibilidade de racionamento ou de apagões no futuro próximo, sendo que 70% afirmam estar “muito” preocupados.

É vital que o Brasil invista na geração de energia para o país retomar o caminho do crescimento nos próximos anos. A Frenlogi atua no Congresso Nacional para fortalecer investimentos públicos e privados na infraestrutura, no transporte e no fornecimento de energia elétrica.

Não é coincidência que os custos da energia no Brasil dispararam no mesmo momento em que o país enfrentou uma grave crise hídrica. A matriz energética brasileira é fortemente apoiada nas usinas hidrelétricas: por isso, a falta de chuvas obrigou o Governo Federal a acionar usinas termelétricas (que são mais caras) para não haver falha no fornecimento.

Encontrar opções em meio a esse cenário é fundamental. Foi por isso que a Frenlogi trabalhou fortemente pela aprovação do Projeto de Lei 5829/2019, que institui o Marco Legal da Geração Distribuída e define regras para pessoas e empresas que desejarem produzir sua própria energia elétrica através de fontes renováveis, como a solar. O texto foi aprovado em dezembro, e aguarda sanção presidencial.

Investir em fontes de energia alternativas e mais sustentáveis é um passo importante para preparar o Brasil para os desafios ambientais e comerciais do futuro. Desenvolvimento econômico e proteção do meio ambiente podem e devem caminhar juntos, e a Frenlogi trabalha para o Brasil se tornar uma potência nessa área.


Fonte: Valor Econômico