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Organização Marítima Internacional (IMO) deu mais passo em direção à sustentabilidade ambiental no setor marítimo. Na última sexta (11), durante reunião dos estados-membros em Londres, foi aprovada a criação de um sistema global de precificação de carbono, que passará a vigorar em 2028. A nova regulamentação exigirá que navios comerciais utilizem combustíveis com menor concentração de gases poluentes ou, caso contrário, pagarão taxas baseadas no volume de emissões que ultrapassarem os limites estabelecidos.

A decisão foi tomada após uma votação, que contou com 63 votos favoráveis, 16 contrários e 25 abstenções. A proposta faz parte do compromisso da IMO de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no transporte marítimo – com a meta de alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Como medida intermediária, a entidade estipulou uma redução de 40% nas emissões até 2030, com base nos níveis de 2008, e uma redução de 80% até 2040.

O Brasil, representado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), foi um dos países que apoiou a proposta. O governo brasileiro, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, informou que a representação na IMO é responsabilidade da ANTAQ, e que a autarquia se manifestará oficialmente após a aprovação do texto final, prevista para terça-feira (15).

Políticas ambientais

Os recursos provenientes das taxas cobradas pelo sistema de precificação de carbono serão destinados ao fomento de tecnologias e combustíveis com baixa ou nenhuma emissão de carbono, além de financiar a transição energética do setor marítimo, especialmente em países em desenvolvimento.

A medida é um reflexo do crescente compromisso da IMO com a sustentabilidade e com a implementação de políticas ambientais rigorosas para a indústria. Além disso, ela visa criar condições para um futuro mais sustentável para os portos e para toda a cadeia logística marítima global.

Descarbonização

No mesmo contexto, a ANTAQ está participando da 83ª sessão do Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho (MEPC 83), que reúne mais de 1.200 delegados de todo o mundo. O evento, realizado também em Londres, é um marco para as discussões sobre o futuro do transporte marítimo e sobre as ações que visam à descarbonização do setor.

Durante a sessão, os delegados estão debatendo a formulação de novas medidas técnicas e econômicas, como a classificação de combustíveis “limpos” e a criação de um sistema de taxação para embarcações que não cumprirem os novos padrões de emissões. Além disso, o comitê também está discutindo a criação de um fundo internacional para a mitigação das emissões, com ênfase na governança e na destinação dos recursos.

Outro tema relevante na pauta da reunião é o combate ao lixo plástico marinho, a gestão da água de lastro e a prevenção da poluição atmosférica e marítima. A implementação da Convenção de Hong Kong, voltada ao desmantelamento seguro e ambientalmente adequado de navios, também está sendo avaliada.

Brasil e a sustentabilidade

A superintendente de ESG e Inovação da ANTAQ, Cristina Castro, destacou a importância do evento para o país, enfatizando que a Agência contribui tecnicamente com subsídios às posições brasileiras e defende os interesses estratégicos do Brasil no cenário marítimo global. “Como reguladores do setor aquaviário nacional, temos um papel crucial nas discussões internacionais e na implementação de soluções que promovam a sustentabilidade do transporte marítimo”, afirmou Cristina.

As decisões tomadas durante a sessão do MEPC terão um impacto direto nas futuras regulamentações do transporte marítimo global, afetando autoridades portuárias, operadores logísticos, armadores e órgãos reguladores em todo o mundo. O novo sistema de precificação de carbono e as demais medidas estabelecidas podem remodelar significativamente a forma como os portos e o setor marítimo operam nas próximas décadas.

Fontes: ANTAQ e BE News.