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Petrobras terá novo modelo de contrato para fornecimento de gás natural às distribuidoras

Petroleira vai permitir alternativa de indexação pelo Henry Hub, referência usada nos EUA para projetos de liquefação de gás e exportação de GNL.

A Petrobras definiu que vai adotar um novo modelo de contrato para fornecer gás natural às distribuidoras. A estatal vai oferecer a opção de vincular os contratos ao índice Henry Hub, referência usada nos Estados Unidos para projetos de liquefação de gás e exportação de gás natural liquefeito (GNL).

Até o momento, o principal indexador dos contratos de gás da companhia é o índice de preços de petróleo Brent. Segundo a Petrobras, a alternativa de precificação com o Henry Hub tem menor volatilidade, sendo mais estável e previsível. A petroleira também vai oferecer às distribuidoras diferentes alternativas para prazos contratuais, com duração de seis meses e de um a quatro anos.

Em nota, a Petrobras afirmou que não haverá, necessariamente, impactos nos preços finais do gás com as mudanças na precificação. Não haverá alterações na parcela de transporte, um dos componentes dos preços.

Segundo a companhia, o objetivo é atender à demanda do mercado por mais flexibilidade nas fórmulas de preço. A petroleira acredita que haverá uma “boa adesão” ao novo modelo, pois as diferentes opções de contrato devem proteger seus clientes contra as variações de preço e na gestão do portfólio.

A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) aguarda um detalhamento maior das propostas para emitir um posicionamento. A Petrobras vai anunciar a fórmula de precificação após a conclusão das negociações comerciais.

Desde janeiro de 2020, os contratos da petroleira com as distribuidoras associam os preços da molécula do gás à cotação do petróleo Brent e à taxa de câmbio. A variação é trimestral e está atrelada ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). No dia 1 º de maio entrou em vigor o último reajuste, com uma alta de 39% nos preços.

Segundo o presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, eventuais mudanças nos preços da molécula com o novo modelo contratual não devem ser grandes, pois o Henry Hub tende a acompanhar os movimentos do indexador atual, o Brent.

A opção das distribuidoras por aderir ou não à nova referência vai depender da análise de cada companhia sobre a volatilidade do Henry Hub, avalia Pires. Apesar da tendência do índice de ser menos volátil do que o Brent nos últimos anos, o presidente do CBIE lembra que não há garantia de um comportamento similar no futuro, pois isso foi fruto principalmente do aumento da oferta de gás nos Estados Unidos.

Pires também afirma que a opção pela mudança na referência usada nos contratos depende do risco que cada distribuidora está disposta a tomar. Enquanto os preços do petróleo Brent sofrem influência do mercado de petróleo e gás global, o Henry Hub reflete principalmente o cenário americano.

“Essa é uma proposta para indexar o gás brasileiro ao mercado americano. Mas a solução para se ter um gás mais competitivo no Brasil é criar um hub local e, para isso, é preciso aumentar a produção de gás nacional”, afirma.

A expectativa da Petrobras com o novo modelo contratual é também ganhar competitividade, em meio à abertura do setor para novos fornecedores a partir da aprovação da Nova lei do Gás. A companhia iniciou os estudos para a adoção da referência Henry Hub em 2020, dada a previsão do término de contratos em 2022 e a utilização do índice em chamadas públicas das distribuidoras locais.

A Frenlogi apoia ações que ofereçam novas formas de indexação, compra e distribuição do gás natural no Brasil. É preciso garantir uma melhor previsibilidade de preços e de oferta do combustível às distribuidoras. Essa estabilidade no preço pode ajudar o Brasil a vender o produto a preços mais competitivos para indústrias e para consumidores residenciais, estimulando assim a competitividade entre distribuidoras e a retomada da economia brasileira.

Fonte: Valor Econômico