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Em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, realizada nesta semana, o ministro dos Transportes, Renan Filho, reafirmou que a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO I) terá sua extensão mantida integralmente.

Fico I está entre o entroncamento da ferrovia Norte Sul em Mara Rosa- Go até o município de Água Boa em Mato Grosso e conta com 364 km de extensão, ligando os estados. O trecho já está em obras, com entregas previstas para maio de 2027 (primeira fase) e abril de 2028 (segunda fase).

A resposta veio após cobrança do senador Wellington Fagundes (PL-MT), presidente da Frente Parlamentar de Logística e Infraestrutura (Frenlogi). A preocupação surgiu diante de informações recentes de que áreas técnicas da Vale e do próprio ministério estariam avaliando reduções no trecho final da obra, que atualmente está em execução como parte do contrato de investimento cruzado firmado entre a Vale, a União e a Infra S.A., com fiscalização da ANTT. Tais alterações, caso concretizadas, afetariam diretamente a cidade de Água Boa e comprometeriam o desenvolvimento planejado para o Vale do Araguaia.

“Não haverá diminuição”, respondeu de forma categórica o ministro. “Enquanto eu for ministro, não haverá redução da extensão.”

O senador Wellington Fagundes agradeceu o posicionamento e destacou os investimentos que já estão sendo realizados em função da chegada da FICO à região, como a construção de dois Institutos Federais de Educação em Água Boa e Canarana, com recursos da ordem de R$ 80 milhões.

“Essa palavra é fundamental para levarmos tranquilidade ao prefeito, à população de Água Boa e à toda a região, que já vem se preparando com políticas públicas, infraestrutura urbana e logística para a chegada da ferrovia e do terminal multimodal”, afirmou o senador.

Obra estratégica para o Centro-Oeste

A FICO I, atualmente em obras, representa uma das mais importantes iniciativas de infraestrutura logística do país. Seu traçado entre Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT) faz a conexão direta com a Ferrovia Norte-Sul, consolidando um eixo estratégico para o escoamento da produção agropecuária do Centro-Oeste brasileiro.

O trecho possui 364 km de extensão, com bitola larga (1,60m), velocidade de projeto de 80 km/h e capacidade para suportar cargas de até 32,5 toneladas por eixo. Estão previstas a implantação de 22 pátios de cruzamento, dois pátios de carga e descarga (em Nova Crixás/GO e Água Boa/MT), além de um pátio de formação de trens em Mara Rosa.

Impulso para o agronegócio e a economia regional

A ferrovia é uma resposta direta à demanda crescente do setor produtivo. Segundo a Conab, a safra de grãos 2024/2025 deve alcançar 330,3 milhões de toneladas, o maior volume da história. Mato Grosso e Goiás, estados atendidos pela FICO, respondem juntos por 42,6% da produção nacional de grãos.

A chegada da FICO trará redução de custos logísticos no transporte de soja, milho e minérios, além de facilitar o acesso da região a insumos agrícolas, combustíveis e produtos industrializados. O terminal ferroviário em Água Boa será peça-chave no novo corredor logístico, com expectativa de início das operações entre 2027 e 2028.

“A ferrovia não termina em Água Boa, vai seguir até Lucas do Rio Verde, ampliando ainda mais a integração do Mato Grosso à malha ferroviária nacional”, antecipou o ministro durante a audiência.

Responsabilidades institucionais e cronograma

A FICO é uma obra contratada e fiscalizada pelo Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes. A ANTT atua como agência reguladora e a Infra S.A., como empresa pública vinculada ao ministério, é responsável pela supervisão da execução.

A construção da FICO I está dividida em duas fases:

•             Primeira fase: entrega prevista para maio de 2027;

•             Segunda fase: conclusão esperada até abril de 2028.

A ferrovia também terá conexão futura com dois portos, além de uma interligação estratégica planejada com o porto de Ilhéus (BA), ampliando a capacidade de exportação e integração nacional.

Planejamento e segurança jurídica

Durante a audiência, o senador Wellington Fagundes alertou que qualquer tentativa de alterar o traçado da FICO após o licenciamento e contratação gera insegurança jurídica e ameaça comprometer anos de planejamento público e privado.

“Temos uma região que vem se transformando com base na expectativa dessa ferrovia. Qualquer retrocesso seria devastador para os municípios do Vale do Araguaia, que já estão investindo e se organizando para receber a operação”, afirmou.

A região já se prepara para ser um dos novos polos logísticos e produtivos do país.

Confira o vídeo: