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A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado realizou, na terça-feira (20), audiência pública com o ministro dos Transportes, Renan Filho. Também estiveram presentes, o secretário-executivo da pasta, George Santoro, e do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Sampaio. O objetivo do encontro foi apresentar os principais avanços do Ministério nos últimos dois anos e as perspectivas para os próximos.

Durante sua exposição, o ministro Renan Filho destacou a ampliação dos investimentos públicos e privados em infraestrutura de transportes, viabilizada por medidas como a PEC da Transição e a nova política de concessões. Entre 2023 e 2024, o Ministério dos Transportes executou cerca de R$ 30 bilhões em investimentos — o dobro do montante aplicado no biênio anterior (2021/2022).

Os recursos permitiram a retomada e intensificação de mais de 1.100 contratos de obras públicas, anteriormente paralisadas ou em ritmo lento. Como resultado, houve uma melhoria significativa na malha rodoviária nacional, cuja qualidade aumentou em 75%, segundo indicadores do setor. O ministro também ressaltou o foco em uma infraestrutura mais resiliente frente às mudanças climáticas.

Renan Filho enfatizou ainda o papel estratégico do Brasil na produção global de grãos. A safra 2024/2025 está estimada em 332,9 milhões de toneladas — um aumento de 11,8% em relação à safra anterior. A produção de milho deve chegar a 119,6 milhões de toneladas (+3,3%) e a de soja, a 168,3 milhões (+14%), superando a produção da Índia. Com o deslocamento do centro produtivo para o Centro-Oeste, cresce a importância do Arco Norte para o escoamento da safra, cuja participação nas exportações passou de 26% em 2017 para 38% em 2024. A infraestrutura rodoviária na região foi fortalecida, com destaque para a BR-163 (20 milhões de toneladas transportadas), BR-364 (16 milhões) e BR-242 (4 milhões).

Também foram apresentados investimentos em portos estratégicos, como o de Itaqui (MA), e ações voltadas ao apoio aos caminhoneiros, como a instalação de seis pontos de parada para descanso — uma estrutura até então inexistente.

Entre as entregas previstas para 2025 estão obras em rodovias e pontes nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As intervenções incluem pavimentação, construção de pontes e melhorias de acesso, como nas BRs 447/ES (Acesso Capuaba), 265/MG (Jacuí – Alpinópolis) e 158/MT (Porto Alegre do Norte).

Reconstrução do Rio Grande do Sul

O ministro também detalhou as ações do governo federal voltadas à reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes no ano passado. Foram destinados R$ 111 bilhões, incluindo R$ 12 bilhões em crédito para empresas, auxílio de R$ 5,1 mil para cerca de 420 mil famílias, suspensão da dívida estadual por três anos e a criação de um fundo de R$ 6,5 bilhões para projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Nova política de concessões

Renan Filho destacou os avanços da nova política de concessões, que prioriza a sustentabilidade dos contratos, tarifas mais justas, inovação tecnológica (como o uso de drones e 5G), pedágios com sistema “free flow” (sem cancela), e estímulo à contratação local.

Entre 2023 e maio de 2025, foram realizados 13 leilões de concessão, com previsão de 15 novos leilões em 2025. A meta é atingir 44 leilões até 2026.

Avanços no setor ferroviário

No segmento ferroviário, o governo retomou investimentos por meio de parcerias público-privadas e renovação de contratos com operadoras como Rumo, MRS e Vale, garantindo cerca de R$ 15 bilhões em reinvestimentos. Projetos estruturantes como a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) e a Transnordestina estão em andamento, contribuindo para o escoamento da produção nacional.

Também estão em curso audiências públicas para novos leilões ferroviários, incluindo o Anel Ferroviário Sudeste e o corredor FICO-FIOL, reforçando o compromisso com uma infraestrutura moderna, integrada e sustentável.

Intermodalidade e armazenamento

O presidente da Comissão de Infraestrutura, senador Marcos Rogério (PL-RO), defendeu a adoção da intermodalidade como estratégia para melhorar a logística nacional e apontou a carência de estruturas de armazenamento no país. “A infraestrutura ultrapassa as divergências ideológicas — trata-se de um tema estratégico, que interessa a todo o Brasil”, destacou o parlamentar na audiência.