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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, que estabelece as estimativas de receita e fixa a programação de despesa da União. A sanção ocorreu com base em parecer técnico do Ministério do Planejamento e Orçamento, que recomendou vetos seletivos em razão de incompatibilidades legais e fiscais.

A LOA 2025 projeta superávit primário de R$ 14,5 bilhões, em linha com a meta de resultado primário neutro definida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O texto respeita os limites do Regime Fiscal Sustentável (Lei Complementar nº 200/2023), consolidando o compromisso do governo com a sustentabilidade das contas públicas.

Vetos

Dois vetos foram aplicados. O primeiro, de R$ 40,2 milhões, refere-se a emendas parlamentares que alocavam recursos para localidades específicas, prática vedada pela Lei Complementar nº 210/2024 em programações orçamentárias discricionárias do Executivo (RP 2). O segundo, de R$ 2,97 bilhões, incidiu sobre despesas financeiras do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), associadas a operações reembolsáveis acima do limite legal de 50% das dotações, conforme a Lei nº 11.540/2007.

A alteração orçamentária que originou esse veto decorre da Emenda Constitucional nº 135/2024, que introduziu a Desvinculação de Receitas da União (DRU). A redução das despesas primárias do FNDCT impôs a necessidade de ajuste proporcional nas despesas financeiras do fundo, o que não foi observado durante a tramitação legislativa.

O outro veto é referente a duas obras em rodovias federais. Com isso, 10 quilômetros da BR-364, no município de Ariquemes (RO), e um quilômetro da BR-101 em Pernambuco, não serão construídos ou reformados. As ações são de autoria da Comissão de Infraestrutura do Senado e da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.

Os investimentos custariam R$ 40,2 milhões. No entanto, o governo federal entendeu que as emendas não contêm a marcação obrigatória que permite a identificação das alterações feitas pelos congressistas, nem se enquadram nas exceções a essa exigência — como, por exemplo, a ação já estar prevista no projeto orçamentário original enviado pelo governo (PLN 26/2024).

Essas regras são previstas desde novembro de 2024 na Lei Complementar 210, que cria limites às emendas parlamentares.

Infraestrutura: Novo PAC tem R$ 57,6 bilhões garantidos

O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) figura como eixo central da programação de investimentos para 2025, com R$ 57,6 bilhões alocados em 16 órgãos federais. Os recursos viabilizam o início de obras novas em setores estratégicos, como transporte, habitação, energia e saneamento básico.

Com a sanção da LOA, os investimentos vinculados ao PAC são oficialmente autorizados, o que permite a contratação de projetos e execução orçamentária a partir do primeiro semestre de 2025. A medida destrava obras essenciais à modernização da infraestrutura logística e energética nacional.

Impactos da DRU em fundos reguladores e setoriais

A inclusão dos efeitos da DRU no texto final da LOA resultou em alterações na composição da receita e em redução das despesas vinculadas, impactando diretamente os orçamentos do FNDCT, do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Esse movimento compromete a capacidade de planejamento e execução de políticas públicas setoriais, especialmente nas áreas de energia e saneamento, que demandam previsibilidade orçamentária para dar continuidade a projetos de longo prazo e contratos regulados por agências federais.

Discricionariedade reduzida e pressão de emendas

A LOA 2025 contempla R$ 50,4 bilhões em emendas parlamentares, das quais R$ 24,6 bilhões são de execução obrigatória (RP 6). A reserva discricionária para o Poder Executivo soma R$ 170,7 bilhões, restringindo a margem de manobra orçamentária para políticas públicas não vinculadas.

Esse cenário impõe desafios à priorização de projetos de infraestrutura e energia, exigindo maior integração entre os entes federativos e articulação técnica entre os ministérios setoriais para garantir a execução dos empreendimentos estratégicos do PAC.

Projeções macrofiscais e encargos sociais

O salário mínimo foi fixado em R$ 1.518 para 2025, com aumento real de 2,5%. As principais despesas obrigatórias incluem R$ 972,4 bilhões para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), R$ 158,6 bilhões para o programa Bolsa Família e R$ 113,6 bilhões para os Benefícios de Prestação Continuada (BPC) e Renda Mensal Vitalícia (RMV).

A despesa total orçada é de R$ 5,7 trilhões, incluindo o refinanciamento da dívida pública federal. Embora a meta fiscal seja de resultado primário nulo (déficit zero), o Executivo projeta superávit primário de R$ 14,5 bilhões, o que poderá servir como amortecedor em caso de choques externos ou frustração de receitas.

Fonte: com informações da Agência Câmara e Senado