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Foto: divulgada na Jovem Pan.

O governo iniciou nesta semana um roteiro internacional para apresentar a investidores europeus os detalhes do projeto do túnel submerso que ligará as cidades de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo. A obra, inédita no Brasil, será o primeiro túnel imerso do país e o maior da América Latina. Com investimentos estimados em R$ 6 bilhões, o empreendimento integra o Novo PAC e deve ter as obras concluídas até 2030.

Liderada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a comitiva brasileira iniciou a missão em Portugal, nesta segunda (21), com reuniões na sede da Mota-Engil, grupo de infraestrutura com presença global e parceiro da gigante chinesa CCCC (China Communications Construction Company). A CCCC é reconhecida internacionalmente por sua atuação em túneis subaquáticos complexos, como o de Hong Kong–Zhuhai–Macau.

“Estamos muito felizes em apresentar este projeto a alguns dos principais players globais. O túnel vai melhorar a mobilidade urbana, gerar empregos e renda, e fortalecer ainda mais o Porto de Santos, o maior da América Latina. É um projeto que garante retorno aos investidores e dignidade à população brasileira”, declarou o ministro.

Especialistas globais na mira

Nos dias seguintes, a missão segue para a Holanda e Dinamarca. Em Amsterdã, estão programadas reuniões com representantes da Ballast Nedam e da TEC Tunnel, empresas com amplo portfólio de construção de túneis imersos, como o do canal Nieuwe Waterweg, na Holanda, e a ligação Øresund entre Dinamarca e Suécia.

Na Dinamarca, a comitiva visitará o túnel de Fehmarnbelt, em construção sob o Mar Báltico. Com 18,1 quilômetros de extensão, o projeto é considerado um dos mais ambiciosos do mundo e servirá como exemplo técnico para o modelo brasileiro.

Projeto esperado há quase um século

Planejado há quase 100 anos, o túnel entre Santos e Guarujá terá 1,5 km de extensão — sendo 870 metros submersos — e contará com três faixas por sentido. Uma delas será exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O projeto também prevê acessos para ciclistas e pedestres.

Hoje, a travessia entre as duas cidades é feita por balsas e pequenas embarcações, com cerca de 28 mil pessoas cruzando diariamente o trecho. A obra deve reduzir significativamente o tempo de deslocamento, atualmente próximo a uma hora, para poucos minutos, além de acabar com a dependência das condições marítimas.

Benefícios logísticos e ambientais

Além de encurtar distâncias para os moradores da Baixada Santista, o túnel trará ganhos estratégicos para o Porto de Santos, como destaca o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini:

“Esse empreendimento é histórico. Vai tornar a travessia muito mais ágil e eficiente, diminuindo o impacto das operações marítimas e aumentando a competitividade do porto”.

Entre os benefícios do projeto, o Ministério de Portos e Aeroportos destaca:

  • Melhoria no fluxo logístico de cargas;
  • Redução de custos no transporte rodoviário e portuário;
  • Aumento da segurança e sustentabilidade das operações;
  • Desafogo do tráfego urbano e portuário;
  • Diminuição das emissões de poluentes com a redução do uso de balsas.

A estruturação jurídica e contábil do contrato também foi validada por órgãos técnicos, como destacou o ex-ministro do TCU, Raimundo Carreiro. “Do ponto de vista da segurança jurídica, o projeto é extraordinário”, afirmou.

Após as apresentações na Europa, o governo espera atrair propostas concretas de investidores até o início de agosto, quando está prevista a abertura da licitação.

Fontes: notícias publicadas no Ministério de Portos e Aeroportos.