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Ferrovias podem reduzir custos de transporte do agro, diz CNA

A CNA destacou a importância das ferrovias para o setor agropecuário em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, na quinta (10), que reuniu instituições públicas e privadas para discutir as concessões e a ampliação das ferrovias brasileiras.

A assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da confederação, Elisangela Pereira Lopes, explicou que o transporte ferroviário é mais sustentável e tem um custo menor em relação ao rodoviário, mas ainda é pouco utilizado.

“Na balança comercial temos uma importância relevante. No entanto, utilizamos predominantemente o transporte rodoviário, que tem o maior custo e traz maiores externalidades negativas para toda a população brasileira. Não dá mais para transportar mais 60% da nossa carga em rodovia tendo potencial para utilizar outros modos como o ferroviário.”

Elisangela afirmou que o Brasil está dividido em dois, onde a produção já se consolidou, nas regiões sul e sudeste, e onde a densidade de linhas férreas é maior, e as novas fronteiras agrícolas, onde a densidade das ferrovias é quase inexistente, com alguns exemplos das ferrovias Norte e Sul, Carajás, Fiol (em andamento) e Transnordestina.

Segundo ela, a safra brasileira tem crescido 12 milhões de toneladas por ano, desde 2009, sendo que nas regiões de novas fronteiras como Matopiba, Mato Grosso, Rondônia, Pará a produção tem crescido 10 milhões de toneladas/ano.

Elisangela abordou ainda a questão dos custos para implantação de novas linhas férreas no país, em torno de 20 milhões de reais por quilômetro, e citou números da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre as ferrovias existentes atualmente, que totalizam 30 mil quilômetros com apenas 15 mil em funcionamento real.

A técnica argumenta que há carga suficiente para construir ferrovias, aumentar a capacidade, disponibilidade e a oferta de ferrovias no Brasil.

“E isso fica muito claro quando a gente observa os últimos números da Infra S.A sobre a movimentação do agro nas ferrovias. Isso causa um pouco de espanto porque somente 18,5% de tudo que foi movimentado nas nossas linhas férreas no ano passado correspondeu a produtos agrícolas, sendo 72% de minério e 9,4% de outros produtos como a siderurgia, por exemplo. Ao se analisar o histórico observa-se que houve um crescimento, porque em 2010 o agro representava 11% de tudo que foi movimentado e nós passos a 18,5%. Percentualmente, parece uma evolução, mas será que é mesmo?”

A assessora técnica disse que quando se faz a análise por tonelagem, é possível ver melhor a situação da movimentação de carga do agro por ferrovia.

“A produção de soja e milho em 2023 foi pouco mais de 280 milhões de toneladas, sendo que desses, 200 milhões correspondem às novas fronteiras agrícolas, ou seja, 70% da produção do Brasil hoje está nessas novas fronteiras.”

Movimentação nas ferrovias – Segundo Elisangela, em 2010 mais ou menos 20 milhões de toneladas passaram pelas ferrovias do país, correspondendo a 20% da produção de grãos. Em 2023, os mesmos 20% permanecem, porque, ela explica, a produção aumentou significativamente e a oferta ferroviária, embora tenha crescido, continua estagnada.

“Então, isso traz uma preocupação para o setor. Até quando ficaremos cativos do modo rodoviário, percorrendo de 1,5 mil a 2 mil km para chegar com a carga em um supermercado ou porto? Existem projetos em andamento e vemos uma tendência de crescimento nos investimentos, mas eles têm que alcançar a velocidade da produção e não ficar atrás.”

A especialista ressaltou que a CNA defende a construção da Ferrogrão porque irá reduzir os custos do setor com transporte de carga. A linha de 933 quilômetros ligará a região de Sinop (MT) e Miritituba (PA).

“O cálculo é em torno de 30% de redução com os custos de transporte com a Ferrogrão e existe carga para isso. Além disso, a Ferrogrão tem uma série de benefícios sustentáveis, como a redução das emissões de CO2.”

Elisangela encerrou pedindo aos parlamentares apoio do Senado em prol de maior celeridade na tramitação do processo sobre a Ferrogrão, que está em andamento no Supremo Tribunal Federal.

“Quando a gente vê a previsão do IMEA de que a produção de grãos chegará a 149 milhões de toneladas até 2034, a gente vê que tem carga para movimentar na Ferrogrão. O estudo está pronto, mas fica aí a indefinição se teremos leilão no ano que vem mesmo ou não. A ANTT se manifestou dizendo que o leilão pode acontecer até 2025, então pedimos o apoio para que se consiga um horizonte mais claro do que de fato vai acontecer com a Ferrogrão.”

Assessoria de Comunicação CNA