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Empresas defendem projeto da Ferrogrão e saída para o Arco Norte

Terminais portuários da Região Norte já respondem por cerca de metade da carga do agronegócio que deixa Mato Grosso, o que ajuda a desafogar os portos abarrotados de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

Empresas de transporte e produtores rurais defendem a construção da Ferrogrão para aumentar a capacidade logística do Brasil – em especial aos portos da Região Norte do Brasil. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, a disputa empresarial e os questionamentos sobre a viabilidade econômica da linha férrea são motivadas, basicamente, pela possibilidade de que a ferrovia retire a carga que hoje é transportada pelos trilhos que levam aos portos do Sudeste, por meio das malhas Paulista e Norte, ambas administradas pela Rumo.

Os terminais portuários do Norte do país, que exportam cargas que chegam pelas hidrovias dos rios Madeira, Amazonas e Tapajós, já respondem por praticamente metade da produção agropecuária que deixa Mato Grosso. A mudança de rota desafogou os portos abarrotados de Santos e Paranaguá, no Sudeste-Sul. Porém, a perspectiva do mercado é de que a construção da Ferrogrão causará enorme impacto no preço do frete ferroviário em toda a região.

A mineradora Vale, que controla a companhia ferroviária VLI, declarou apoio à construção da Ferrogrão para avançar a infraestrutura da região Norte, e diz que “esse projeto ferroviário trará um incremento de competitividade ao mercado, com resultados positivos para o país no longo prazo”. A avaliação é a mesma entre os executivos da Pátria Investimentos, dona da Hidrovias do Brasil, empresa de logística que atua com terminais em Miritituba, distrito de Itaituba, no Pará – que deve receber o ponto final da ferrovia.

Empresários acompanham de perto o projeto e também fazem seus estudos próprios. O presidente da Hidrovias do Brasil, Fabio Schettino, revelou que a companhia avalia parcerias para disputar o leilão, mesmo que a participação seja de forma minoritária. “Eu acredito que tem muita gente interessada e fazendo conta neste momento. Esse é o projeto de ferrovia com maior viabilidade no Brasil hoje, além de ser completamente sustentável. Não temos nenhuma dúvida disso”, analisa Schettino.

A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) está entre os que veem a expansão das linhas férreas com bons olhos. Segundo o grupo, há carga para todos transportarem. “Quanto mais malha ferroviária, melhor para o país. A chegada da Ferrogrão é muito bem-vinda, assim como seria ótimo ter outros trechos construídos por qualquer concessionária. As projeções mostram que não vai faltar carga para nenhuma ferrovia. A indústria cresce com a expansão da malha. Por isso, nós apoiamos todos os projetos”, diz o presidente da Abifer, Vicente Abate.

O processo de licenciamento da Ferrogrão está em análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes acatou um pedido de liminar do PSOL que pedia sua paralisação. A alegação é de que o projeto afeta diretamente terras indígenas e unidades de conservação florestal. Já o Governo Federal foi ao STF para dizer que o traçado previsto não corta terras indígenas. Também falou que vai ouvir os povos indígenas que vivem em áreas próximas ao eixo da ferrovia, previamente, como prevê a lei, para definir medidas de redução de impacto e compensação ambiental.

No Tribunal de Contas da União (TCU), a análise do edital ainda não foi concluída pela unidade técnica. Sem essas duas questões resolvidas, o governo fica impedido de publicar seu edital ou mesmo prever o leilão.

A Frenlogi e o Instituto Brasil Logística defendem a construção da Ferrogrão para aumentar a capacidade de transporte nacional. Oferecer mais opções logísticas para produtores agropecuários e minerais é fundamental para robustecer a participação brasileira no comércio exterior.

Baratear custos, aumentar a oferta de frete e reduzir burocracias são essenciais para o desenvolvimento de qualquer país. O Brasil possui hoje a 12ª maior economia do planeta. Investir em infraestrutura é o caminho para galgar novos postos, gerar renda e criar empregos


Fonte: O Estado de São Paulo