Compartilhe este post

O projeto de lei que tenta proteger caminhoneiros autônomos de uma possível forma de dupla tributação está parado há mais de um ano e meio no Senado. De autoria do senador Lucas Barreto (PSD-AP), o PL 1205/2022 aguarda votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, sob a relatoria do senador Weverton (PDT-MA).

A proposta foi apresentada ao senador Lucas Barreto em maio de 2022 e chegou à CAE apenas em maio de 2023. Em novembro do mesmo ano, o relator foi designado, mas o projeto segue sem movimentação. Se aprovado na CAE, ainda deverá passar pela Comissão de Infraestrutura (CI) em caráter terminativo — ou seja, poderá seguir diretamente para a Câmara dos Deputados, caso não haja requerimento para votação em plenário.

Dupla tributação

O texto propõe que o custo do combustível usado pelos Transportadores Autônomos de Cargas (TACs) – caminhoneiros autônomos – seja tratado como despesa ressarcível, e não como parte do valor do frete (valor pago pelo serviço de transporte). Na prática, isso significa que o combustível passaria a ser pago de forma separada pelo contratante do serviço.

Segundo o autor do projeto, a medida é necessária porque, hoje, o caminhoneiro paga impostos sobre todo o valor do frete, mesmo que uma parte significativa desse valor seja apenas para cobrir o combustível. A ideia é que isso caracteriza uma dupla tributação sobre o caminhoneiro:

Primeiro, a venda do combustível já é taxada. Ao comprar o combustível, o caminhoneiro paga um preço mais alto porque os impostos já incidiram sobre ele.

Segundo, o caminhoneiro paga imposto novamente sobre o valor que recebe para cumprir o serviço, considerado como lucro ou receita. O dinheiro que ele recebe para pagar o combustível é considerado na base do imposto, e com isso ele paga mais.

Ao tornar o reembolso do diesel uma despesa separada, o projeto evita que esse custo seja tributado sobre o trabalhador autônomo como se fosse lucro ou receita.

Pelo texto, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) fica responsável por fixar mensalmente um valor de referência para o litro do diesel, por quilômetro rodado, em cada região. O caminhoneiro poderá escolher entre esse valor ou apresentar nota fiscal de abastecimento para ser ressarcido.

A proposta tenta equilibrar a relação entre os autônomos e as grandes transportadoras, que, de acordo com o projeto, têm maior poder de barganha na negociação com embarcadores. Também busca evitar distorções como as registradas na greve dos caminhoneiros de 2018, motivada em parte por reajustes frequentes e imprevisíveis nos preços dos combustíveis. E hoje, o brasileiro vive com políticas como a de Preço de Paridade Internacional (PPI) do combustível e pela alta do diesel.

Ao ressaltar a urgência da matéria, o autor do projeto defende que o Congresso Nacional atue para garantir a saúde financeira dos transportadores autônomos e impedir que a concentração de mercado continue enfraquecendo o setor e impactando negativamente a economia e o cotidiano da população.

Leia aqui a íntegra do projeto protocolado no Senado.

Fontes: ANATC, Congresso em Foco.